Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito.
E também me dói quando percebo que feri.
Mas tantos defeitos tenho.
Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa.
Embora amor dentro de mim eu tenha.
Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas.
Quando o amor é grande demais torna-se inútil:
já não é mais aplicável,
e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto.
Fico perplexa como uma criança ao notar que
mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida.
já não é mais aplicável,
e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto.
Fico perplexa como uma criança ao notar que
mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida.
Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.
Clarice Lispector
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